domingo, 20 de abril de 2014

DMU (Deficiência Múltipla) e Surdocegueira


Deficiência múltipla é a associação, no mesmo indivíduo, de duas ou mais deficiências primárias (intelectual / visual / auditiva / física), com comprometimentos que acarretam consequências no seu desenvolvimento global e na sua capacidade adaptativa.

                      “O termo deficiência múltipla tem sido utilizado, com frequência, para caracterizar o conjunto                        de duas ou mais deficiências associadas, de ordem física, sensorial, mental, emocional ou de comportamento social. No entanto, não é o somatório dessas alterações que caracterizam a múltipla deficiência, mas sim o nível de desenvolvimento, as possibilidades funcionais, de comunicação, interação social e de aprendizagem que determinam as necessidades educacionais dessas pessoas.” (MEC – 2006)

“A surdocegueira caracteriza-se como sendo uma pessoa que nasce surdocega ou que fica não recebe as informações sobre o que está sua volta de maneira fidedigna, ela precisa da mediação de comunicação para poder receber, interpretar e conhecer o que lhe cerca”.
Seu conhecimento do mundo se faz pelo uso dos canais sensoriais proximais como: tato, olfato, paladar, cinestésico, proprioceptivo e vestibular.
Na deficiência Múltipla não garantimos que todas as informações muitas vezes chegam para a pessoa de forma fidedigna, mas ela sempre terá o apoio de um dos canais distantes (visão e ou audição) como ponto de referência, esses dois canais são responsáveis pela maioria do conhecimento que vamos adquirindo ao longo da vida.” (Aspectos Importantes para saber sobre Surdocegueira e Deficiência Múltipla,  p. 4).

Ambas as deficiências necessitam de alguns cuidados dependendo de suas limitações. A DMU de acordo com Nunes (2002) as necessidades podem ser agrupadas em três blocos:
Necessidades físicas e médicas (A mais frequente causa da deficiência múltipla é a Paralisia Cerebral, que compromete a postura e a mobilidade, os movimentos voluntários são limitados em termos qualitativos e quantitativos; limitações sensoriais (visual e auditiva); convulsões; controle respiratório e pulmonar; problemas com deglutição e mastigação; saúde mais frágil com pouca resistência física).
Necessidades emocionais (afeto, atenção, oportunidades de interagir com o meio e com o outro, desenvolver relações sociais e afetivas, estabelecer uma relação de confiança).
Necessidades educativas (Limitações no acesso ao ambiente e dificuldades em dirigir atenção para estímulos relevantes).

A comunicação de ambas as pessoas com Surdocegueira e Deficiência Múltipla é uma barreira muito difícil de transpor, mas não impossível. Portanto alguns aspectos são muito importantes para a comunicação se desenvolva para uma interação social efetiva. Para as pessoas com surdocegueira e/ou com deficiência múltipla dividimos a comunicação em Receptiva e Expressiva, para favorecer a eficiência da transmissão e interpretação. A comunicação receptiva ocorre quando alguém recebe e processa a informação dada por meio de uma fonte e forma (escrita, fala, Libras e etc). A informação pode ser recebida por meio de uma pessoa, radio ou TV, objetos, figuras, ou por uma variedade de outras fontes e formas. No entanto, comunicação receptiva requer que a pessoa que está recebendo a informação forme uma interpretação que seja equivalente com a mensagem de quem enviou tentou passar.
A comunicação expressiva requer que um comunicador (pessoa que comunica) passe a informação para outra pessoa. Comunicação expressiva pode ser realizada por meio do uso de objetos, gestos, movimentos corporais, fala escritas, figuras, e muitas outras variações.
A Comunicação simbólica refere-se a qualquer sistema de palavras, sinais ou objetos usado para se comunicar que seja formalmente organizado e regido por regras. Estes símbolos representam conceitos, ações, objetos, e pessoas e pode ser altamente abstrato e complexo. Sistemas simbólicos de comunicação podem incluir, mas não se limitam a: Linguagem escrita, ao português sinalizado, alfabeto manual, escrita a mão, Braille e sistemas gráficos.
A Comunicação não simbólica são sistemas de comunicação não simbólica e é frequentemente individualizada para cada individuo e pode ser não convencional em sua natureza. A comunicação não simbólica pode ser utilizada em conjunto com formas simbólicas ou podem ser usadas isoladamente. Todos nós usamos formas de comunicação não simbólica em uma variedade de maneiras diferentes todos os dias. É um método efetivo de comunicação contanto que a forma da comunicação tenha uma função definida e conhecida. Muitos indivíduos que são surdocegos e tem deficiências múltiplas usam comunicação não simbólica para tornar suas necessidades conhecidas. Frequentemente, pais ou responsáveis são as primeiras pessoas a dar significado a certas vocalizações e movimentos corporais de bebês ou crianças pequenas.

Referências Bibliográficas

Folheto FACT 3 – COMMUNICATION / Primavera 2005 - Lousiana Department of Education 1.877.453.2721 State Board of Elementary and Secondary Education
Tradução: Vula Maria Ikonomidis

AVALIAÇÃO e intervenção em multideficiência. Coleção  Apoios Educativos. Portugal: Ministério da Educação,2004, 217 p 

NIELSEN, L. The Comprehending Hand. Refsnaesskolen: State School for Blind and Partially Sighted Children, Dinamarca, 1979.

NUNES, C. Crianças e Jovens com multideficiência e surdocegueira: contributos para o sistema educativo, Ministério da Educação,Portugal, 2002.

______. Aprendizagem Activa na criança multideficiente com deficiência visual: um guia para educadores, 2000.132f.Monografia - Educational Leadership Program, Perkins School for the Blind,Ma, EUA.

______.Diciplina sobre Intervenção em Multideficiência. Curso de Formação de Educadores. Universidade Presbiteriana Mackenzie.2007